O cair das folhas

Importa que haja o tempo passado...? E desde menina sonhava com a estrela prometida na Serra, seus olhos em voltas com seus muitos afazeres passeavam ignorando até minha sombra, minha vida não era de facilidades e autocomplacência, apenas imaginava que eram meus todos os corpos celestes...
Eu não me importava com sua ausência, mas mantia a fé de que um dia me levaria à Estrela, mas agora a vejo receber cadência por seu silêncio, saiba o Navio é feito para navegar, apesar da tempestade e, é nela que o Carvalho aprofunda raízes, os pinheiros soltam suas pinhas e o mesmo vento sopra tanto no cardo como na planta aromática, mas só uma delas espalha doces perfumes, tudo que tinha de melhor vinha de você, da sua voz, do seu zelo e cuidado. Todo encanto vinha de você.
Como era maduro imaginar o cair das folhas sem me importar com a estação, segurar sua mão, e caminhar nas trilhas desenhadas como que sinalizadas com fitas coloridas, tudo na minha frágil imaginação. Desejava acordar pela manhã nos seus braços, tomar café, leite, comer pão e deixar de lado a Manteiga, coisa de menina!, todas as coisas que tomavam seu tempo, eu só queria você, só desejava você, era como um herói, um príncipe inatingível, você, você, você... E nunca eu, como agora. Mesmo que o tempo haja passado e que agora já não possa colher o Alecrim e apertar sua mão. Sinto apenas pelo seu medo de falar-me, a fraqueza propicia dos homens, vendo-se diante do passado, talvez por saber que ainda há amor nos meus olhos outrora de menina, hoje de mulher que já sabe quem e o que quer...
Sigo outra trilha por seu adeus que me toma o direito da voz, o faço por minha intuição, a contemplar a tristeza do cair das folhas no chão.


http://umcoracaoqueama.blogspot.com/2011/01/decima-valquiria.html