Doce favo é velhice mascavo.

Já parastes pra analisar e pré-sentir que a maior felicidade da vida talvez seja na plenitude de sua velhice?

Flor da idade, diriam a bíblia e outros renomados códigos já desconsiderados da civilização, seria mesmo o vigor, ambição e ingenuidade daqueles que contam com seus efêmeros vinte anos de idade, entretanto, porém é salutar a incrível humildade e reflexão, itens nos quais nos curvamos a exercitar quando em nossos cabelos brancos, descabelamos.

Não há um idoso sequer, que na aceitação do destino que lhe carrega, não se dobre às proposituras iniciais de teu substabelecimento existencial: És um constante morrer. Um ser que famigerado por aquilo que não é teu, acaba por se debruçar diariamente ao fim perduroso que lhe é peculiar - o caixão envernizado a sete palmos abaixo da terra. Posto que feio. amigo Ronaldo.

Resume-se a tua vida num holerite de teu saldo.

E busca chato e intranquilo um novo respaldo.

E ouve, talvez ausente, um coração sem laudo, sem força.

Cresces no alvoroço de um moço, sem poesia, sem erro, com anomalia, com abelha, sem simbolismo mas grande tirania, tua esquizofrenia e nossa apatia... caramba, ela me picou!

Fazes "ars vitae" como que se quadro pinta, pinta quadro que um dia se apaga.

Se coloca a pensar, e então logo cogitas que não és nada.

Na podridão do tempo tudo se consome, se tritura de cana para caldo.

Canta e luta a descrença do ser que labuta.

Acha a vislumbra, crê em Deus inexistente pela força da tristeza.

Mói e acredita, na força da santa que virou prostituta;

se esbalda e dança, caldo de cana com mel, agregando força à da correnteza.

Vislumbrar aquilo que passou e crer, piamente, que seu futuro será teu passado.

A imundice incita e precisa de que nada muda, posto que se viveu à miúda. Te afunda na contraminuta.

Já reparaste? Dói como não dói a exatidão do jovem que não sabe o que pode e do idoso, que mormente a Saramago, não pode o que sabe.

Eterna problemática pelo que reza a sistemática da vida: Cada escolha, uma renúncia.

Cada era, época, uma visão... nova astúcia de velhos macetes.

A a vida é o mel.

E a morte, o teu favo.

Alexandre Bonilha
Enviado por Alexandre Bonilha em 11/02/2011
Reeditado em 25/01/2017
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