ATEMPORAL

Como água, o tempo me parece escorrer pelos dedos

Evapora, invisível a todos os meus sentidos

E apenas se congela a impressão de ter se escoado

Fica a sensação de que não vivi, de que não senti

Percebo tardiamente que o presente é curto

O presente agora é mais próximo do futuro

Ao mesmo tempo que já virou passado ...

O tempo se condensa em gotículas de memória

Desenhada em traços finos que vão se apagando

Em riscos pulados, detalhes agora borrados

Aguardando restauração, onde está o artesão?

Impossível reparar o que não se enxerga mais

Memória duvidosa,falseia, então tropeça e cai ...

O tempo não tem forma, não tem rosto

Será por isso que se veste de máscaras?

Dissimulado, aprendo a desmascará-lo

Tentando congelar suas boas vertentes

E dissolver os maus bocados a mim imputados

É fera ora ferida, ora excitada, desgovernada ...

Vivo no futuro de ontem, no passado de amanhã

Estagnada e após reflexão, entro em transformação

Tentando sentir mais intensamente o presente

Trocando a quantidade pela qualidade

Percebendo o ar que entra frio e sai quente

Transformando a experiência física em espiritual

Procurando fazer, quando preciso, o tempo estancar

E então aprender a viver de forma intensa e atemporal

Luazul
Enviado por Luazul em 02/03/2011
Reeditado em 21/04/2013
Código do texto: T2824722
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