Infância

Ao meu ver, a fase da vida mais repleta de benefícios é a infância, cuja nossa maior responsabilidade era os rápidos deveres de casa. Com o decorrer dos anos, algumas situações marcaram como profundas cicatrizes, enquanto outras caíram ligeiramente no buraco negro do esquecimento.

Sinto falta de quando garotos aos meus olhos eram apenas seres de outra galáxia, que não tinham função alguma na Terra, a não ser atormentar a mim e às minhas companheiras.

Recordo-me nitidamente de quando, ansiosa, aguardava os novos episódios de “Bananas de pijama” e com eles cantarolava “descendo as escadas”. Mas cômico mesmo era quando na casa de minha avó eu, minha irmã e prima, imitávamos as “Três espiãs demais”, deixando a dona da casa com os cabelos duplamente brancos!

Infância era subir em árvores, brincar de elástico, de pique esconde e casinha. Infância também era ir dormir cedo, não poder assistir certos programas e ficar de castigo meditando o porquê de tal sentença. Hoje, os tempos são outros.

Apartou-se de mim tal época, em que bastavam formigas nas minhas plantas caseiras, para que eu me entretece. Saudades dos pensamentos inocentes, risadas descontroladas, brincadeiras estúpidas e até de tirar a casquinha do joelho ralado.

Quase não havia discórdia, e se ocorresse, as pazes eram feitas logo após o desentendimento, junto a uma cristalina sinceridade. Mágoas não eram retidas, e o sorriso era fato. Ai como sinto falta... Se soubéssemos naquela época o quão bom era sermos simplesmente crianças, não tentaríamos pular etapas!

Bruna Maia
Enviado por Bruna Maia em 11/03/2011
Reeditado em 01/07/2014
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