AMOR QUE NÃO ACABA

A música suave que toca...

Enche o meu ser de nostalgia.

Não me lembra você...

Lembra-me do que poderia ter sido...

se ao invés de eu viver o fazer... eu vivesse o querer.

Viver somente como eu queria.

Uma vida simples e feliz com filhos e você...

até no fim dos meus dias.

Mas eu tinha que fazer...

o medo pairava no ar... não queria lhe perder.

Perder em caminhos que eu não poderia voltar...

e quando voltava você sempre lá estava.

Mas não dizia nada... não brigava...

para mim... não se importava.

Eu era uma criança assustada...

assustada com o dia a dia que você não acompanhava.

Era triste não ter esperanças...

apenas uma esperança importava.

Esperança de ver você dizer...

que era somente eu que você amava.

Porem... entrava e saia o dia...

e na noite fria que poderia ser quente... você não estava.

Estava em caminhos que eu não queria estar...

então... eu não fazia nada.

Sentia que era uma espera dos dois lados...

cada qual esperando que o outro falasse...

e as tolices que modificam um ser... não deixavam.

Ficamos os dois perdidos sem um rumo certo a seguir...

magoando ferindo outros seres que sofriam sem falar...

apenas fortuitamente à noite choravam... sem soluçar... calados...

não faziam nada para atrapalhar.

Tínhamos dois seres em um.

Um bom e um mau que viveu em mim... e também em você...

quatro seres em dois corpos.

Um era um anjo e o outro um ser modificado...

modificaram... eu e você.

Destruíram o caminho traçado.

Ainda vejo no espelho alguns sonhos...

que há muito deixei de lado.

Mas tive medo de tentar refazer... e perder por ter voltado.

Sozinha eu me vi amadurecer... crescer para a vida.

Sem nenhuma esperança de ter seus braços em meu corpo...

em sentir afagos... que das suas mãos eu desejava.

Agora em nuvens esfumaçadas os meus olhos vislumbram... deslumbrados... recobertos de esperança que no dia a dia... quase querendo acreditar...

que o final desta história... pode ser modificado.

Ruthy Neves