AMAR-SE

Amar-se é zelar pela vida
Enquanto a alma ferida,
Enferma e desiludida
Anseia pela razão.
É gostar-se antes de tudo
E não fingir-se de mudo
Diante da ingratidão.
É acalentar a alma
Que pouco a pouco se acalma
Quando a dor de alguma mágoa
Vem ferir-lhe o coração.
É olhar dentro de si
Descobrir do que é capaz
Mesmo chorando sorri
Sem se definhar jamais.
É pensar que nenhum dia
Amanhece sempre igual
Que às vezes as fantasias
Bem depois do carnaval
Podem trazer alegrias
A um mundo tão desigual.
É saber que muitos sonhos
Se pode concretizar
E que dos dias tristonhos
A gente pode tirar
Muitas horas de abandono
Que se transformam em poesia,
Em algumas doces palavras
Repletas de alegrias.
Amar-se é amar a vida
Pelo valor que se dá
E de bem consigo mesma
Não se deixar dominar
Por momentos de tristeza
Que podem nos transformar
Em algozes de nós mesmos
Tornando-nos masoquistas
E disso tenho certeza
Não nos traz qualquer conquista.
Amar-se é deixar que a vida
Aqueça-nos o coração
É saber transformar o pranto
Numa suave canção
Permitir que o mundo cante.
Afinal se nos expomos
Seja o que for que fizermos
Estamos nós nos dispondo
A conjugar qualquer verbo
Sem levar em conta o tempo
Talvez até nos impondo
A arcar com as conseqüências
De algum mal que causamos
Com nossa inexperiência.


Brasília, 23/03/2011