VELHO CASARÃO

Velho casarão,
Lá no espigão,
Ao abandono.
Recanto escuro,
Antes seguro,
De antigo dono.

Cruzada em talas,
Quem ver-te fala,
De tantas glorias.
Grossas paredes,
Alpendres e redes,
Por toda história.

No chão batido,
E umedecido,
Cheio de mofo,
Traz as lembranças,
Tal qual herança,
No piso grosso.

Antes apogeu,
De quem viveu,
Anos dourados.
Hoje o presente,
Tão inerente,
Virou passado.

Gramas e ramos,
De modo insano,
Viram florestas.
Deixando escura,
Só rachaduras,
Transpassam réstias.

Portais manchados,
Por mãos lavrados,
Na antiguidade,
Quem por ti passa,
Chora sem graças,
Por ter saudades.

Por tanto tempo,
Nobre aposento,
Dos tais senhores.
Desassossego,
De muitos negros,
Por tristes horrores.

Bem junto ao pote,
Velho chicote,
Dependurado.
Prova segura,
De atroz tortura,
Do pobre escravo.

A larga estrada,
Antes tão usada,
O tempo fechou.
E a grande cancela,
Pomposa e bela,
Ao chão tombou.

Só resta agora,
A triste história,
De um casarão.
Que em cada canto,
Esconde o pranto,
De um mundo cão.

26/03/2011.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 29/03/2011
Reeditado em 14/12/2011
Código do texto: T2877314
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