029 - SOMBRAS E CLARÕES....

Aqui onde eu vivo que dista a milhares de distancias de onde eu existo, tem uma lua manhosa que sob os arvoredos adormecidos vai esculpindo caprichosamente fugazes e incontáveis monumentos de sombras entremeados de clarões. Em cada sombra em cada clarão as imagens aos poucos vão se transfigurando, cenários gerando cenários. Neste ambiente tão mutável e tão pungente, deixo me levar pela leveza desta paz transcendental tão diferente das coisas de onde eu existo. Da varanda para onde a vista alcança o surrealismo destas imagens tremula o meu coração, entre tantas, perplexo vejo que a lua chamando-me à realidade esculpiu o rosto de uma pessoa tão amada, tão querida, hoje distante, com tamanho esplendor e realismo chegando às raias da perfeição, lembranças adormecidas agora insanamente vagam pela minha mente num frenesi incontido destruindo pra sempre toda paz que me prende a este lugar. Quisera eu pudesse voltar ao passado, de novo com ela abraçado caminhar por entre estas quimeras... Porque será que pus tudo a perder, se ela foi, é, e sempre será o grande amor da minha vida? Talvez porque eu seja por demais mesquinho, ou melhor, porque além de mesquinho talvez eu seja pequenino demais para vivenciar tão grande amor. A lua alta volteia e a tudo clareia, só não clareia a negritude desta solidão que por todo o meu ser persiste. Onde eu vivo agora me é tão estranho quanto onde eu existo.

Magnu Max Bomfim
Enviado por Magnu Max Bomfim em 02/04/2011
Reeditado em 27/04/2011
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