O Anel

sentamos naquele banco da praça, e então ele me ensinou que tem um deus morando nas minhas mãos e que meus caminhos estão fechados para o diabo. chegou um momento em que ele não lembrava do meu nome. eu preferia assim: sem nome, telefone, endereço... por que eles sempre têm passagem marcada pro dia seguinte? aí então ele repetiu meu nome, naquele sotaque, naquele traquejo de língua típico do povo do oriente. me arrependo de não ter pedido pra que me falasse mais coisas estrangeiras. beijei as suas mãos, e depois dedo por dedo, como num ritual. eu lhe disse: não se apaixona. e ele me disse: toma, pega esse anel e não diga nada a ninguém, agora me dá um beijo. pensei e disse: venha sempre, aqui nesse mesmo lugar e horário. mas é tudo tão incerto. uma madrugada já pode valer por todos os outros encontros que nunca vão acontecer. então ele acenou, tomou um táxi e partiu. bem, eu trouxe o anel no bolso... mas não sei o que fazer com ele.

Manaus-Rio Branco-Manaus

Maio de 2010

Rosiel Mendonça
Enviado por Rosiel Mendonça em 24/04/2011
Reeditado em 14/04/2018
Código do texto: T2928216
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