A calmaria das águas

D'outro lado da margem,

Em si distante ao olhos,

Mas sensível ao pensamento,

Desdobram-se as águas feito mossas,

Em calmaria;

E o sentido ali é único:

Se move, e não conta distância.

E o meu ser, ao observar,

Procura aquilo dentro de si;

Todavia, imperfeito que o é, não o acha,

E esvazia.

Cá vive, então, n'outro lado da margem,

Existências que interagem, se comunicam;

Mas também se distanciam na simplicidade.

E o ser pensador, diferente das águas, pára, reflete,

E sofre.

E vive certa ou outra angústia,

E não esquece;

Não perdoa.

Não deixa correr, feito a água.

E discrimina o caminho: não é reto.

É feito, em verdade, da essência que é ser humano,

Sempre distante da ideia de equidade.

E mais distante ainda dele mesmo.