TINTA-PURPURINA

Ao anoitecer, sem que pudesse vê-lo, sempre espalhava tinta-purpurina prateada em meu jardim.

Ao outro dia, rastro de sua presença, cresciam sementes de frutas frescas com o sabor do açaí.

Sempre fora meu intento retê-lo, por um só instante que fosse,

para conhecer aquelas mãos que sorrisos doces me proporcionavam.

Mas ele, sempre caminhando na mesma direção que os ventos do sul,

desaparecia com o primeiro sol da manhã.

Longa e eterna espera, ficava eu, contando as horas em que Antares apareceria no meu céu.

Aquele brilho vermelho era o indício de que chegaria a hora que ele novamente estaria perto de mim.

Presença invisível, mas eram mãos que acariciavam meu rosto com o aroma da cor lilás.

Millarray
Enviado por Millarray em 02/07/2011
Reeditado em 02/07/2011
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