A LINHA QUE SEPARA O MUNDO

A linha que separa o mundo é tão tênue

É imperceptível, é sutil

Não é a Linha do Equador

Que separa o mundo de lá e o de cá

Nem a linha de pescar onde o peixe se despede da vida

Não é a linha com cerol que degola as carótidas

Nem a Linha de Tordesilhas que asfixia brancos e índios

Não é a Faixa de Gaza onde há açougue de homens

Nem a faixa de pedestres onde se atropelam

Quando se pisa sobre ela

O chão todo estremece

E a Linha de Fogo vira terremotos que dilaceram

Não é a marca invisível no colchão que separa o casal

Não é o medo de pecar ou de se salvar

Não é o maniqueísmo

Não é a surdina entre o bem e o mal

É astuta como a raposa

A linha que separa o mundo é o ódio implacável

A ira inexplicável

Rondando sorrateira em meio à humanidade