Fome de ti

Descubro-me magro.

Sinto-me com uma fome

tão intensa,

à revirar-me tripas,

à revirar-me todo.

Então, fico ao contrário de mim

e a favor das rugas

e da saudade.

Desabo-me carente

do alimento que tens

e desviro-me e fico nu,

à procurar-me pelos desvãos

do meu próprio corpo.

Sinto que em vão,

te procuro no que é meu;

desdobro-me em cruas dores,

enquanto a tarde cai

numa beleza que me dói.

Dói-me na alma

todas estas tristes cores

da falta que vem de ti.