É covarde o que se cala por temer a rejeição

Encanta-me a forma como o escritor se expõe. "A boca fala do que o coração está cheio". E é desse cheio que quem escreve se esvazia.

Esvazia-se do amor

da dor

da solidão

da revolta com a injustiça

da incompreensão

dos questionamentos

da confusão instalada em si

do ódio

do medo

do grito de socorro.

Quem traduz em palavras as minúcias que há em si é na verdade um ser dotado de coragem e ousadia. Desculpem-me os escritores que usam das palavras pra expor o que se passa do lado de fora. Nesse momento to falando dos que expõe o que se passa por dentro. Interessa-me o auto-retrato da alma registrado pelas lentes de palavras sinceras e simples.

Abraham Lincoln disse que "é melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do quer falar e acabar com a dúvida".

Quem se expõe em palavras aceita o risco contido nessa frase. Você tem a opção de se calar, e guardar pra si o que te vai por dentro. Sem aplausos, mas também sem críticas e zombarias, se justificam os calados. É covarde o que se cala por temer a rejeição. To dizendo pra você, tem que ter coragem pra escrever!

Os que te leem podem mudar o conceito sobre você em segundos. É bem útil o conselho do Lincoln, ainda assim prefiro falar. Calo-me quando acho que devo, pra evitar a inconveniência. Mas por medo de ser tomada como tola, não. Por esse tipo de coisa não me calarei. Exponho-me na sinceridade do que sou. Se sou tomada por tola fazendo isso, talvez eu seja mesmo.

Minhas palavras reafirmam ou questionam o meu caráter.

Agora posso estar dizendo um absurdo. Mas arriscarei: é possível despertar amor em alguém através de nossas palavras. Uma pessoa pode ler o que escrevemos, e conhecendo nosso coração exposto nas palavras, enamorar-se dele. E tenho pra mim que essa é uma das maneiras mais lindas de despertar o amor.

Jordana Sousa
Enviado por Jordana Sousa em 24/07/2011
Reeditado em 24/07/2011
Código do texto: T3115351