True Grit

O céu roncava. Será que tinha a mesma fome que ele? Estomago ou nuvem cheios de ruído, ambos gostariam de acertar alguém. Com um raio ou canção, sempre há um modo de espantar. Rompeu com sua abstinência e decidiu comprar cigarros, seria uma sessão longa de vozes e barulho de chuva. Ficar parado, esperando é cruel demais, a fumaça do cigarro é a melhor forma de enganar tal crueldade. Um sabor repentino veio impregnar sua boca, daqueles sabores que vem depois de invernos e verões, depois da frieza e do calor, depois da vida e da morte. Nada aconteceu apenas o corpo se molhou e arrepiou-se em meio à multidão. Sabotada a sessão de canto, voltou como veio - cheio de si mesmo. Ao chegar em casa, com os olhos da cor da terra, o inominável estava descansando no chão. Pegou-o. Tinha o cheiro dela. Sugou todo o perfume da carta, provou cada canto e descobriu que no centro o odor não se esvazia tão rápido. Adormeceu com o papel no rosto sufocando tão longa ausência.