O peso de uma paixão

Essa têmpera que me forja, me faz

mais atemporal e subjetiva do que o que se inaugura

em mim dia após dia...

dando a lâmina que reluz pelos meus olhos

o rutilante que me reveste a alma...

Nesses lagos de profunda agonia há sempre

um misto de menina e mulher

que brotam independente do meu desejar...

e se espalho sementes, vão ao acaso...

tenho olhos rasos mas reservados ao

lume dos meus quereres...

e por me manterem cativa dos meus

anseios absolutos..escusos...

guardo-os como tela valiosa nos meus pensamentos...

...Sou assim eterna de mim...

eleita das minhas emoções...

cativa das minhas paixões...

noiva dos meus amores...

aprendiz dos meus pudores...

O mesmo fio que me corta...

me faz lâmina de corte...me afia e desafia...

mantendo-me presa e acesa nas

entranhas que me reconheço e

as que desando a remexer...

...Dessa profundidade inquieta

que nunca dorme...

que sempre se resolve...

nasce a mulher que se envolve

que se sustenta e ao mesmo tempo

alimenta seu nome no neon que lhe dá o dom...

...E para que a paz seja sempre uma aliada...jogo no mar minha jangada e nela levo meus poucos pertences...um coração quase lasso...os meus olhos baços...a pele cândida...

e nos braços frouxos os poucos sonhos

em cacos...deixo na margem que se afasta...

uma ilusão intacta...que em mim se alastra...

recôndita na minha vastidão...

o peso de uma paixão...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 07/07/2005
Código do texto: T32132
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.