É só o que quero
Deitado em minha cama, sonho palavras,
acordo,
fico inquieto,
desejo silêncio.
Tento tatear o espaço as cegas
e sorrio escuro,
entrego-me às sombras,
a soprar pela janela
carinhosamente,
pois ela me quer.
Estou tentando aprender coisas,
que nem sei que me sabem.
O vento pensa amor ao contrario,
para que eu sinta saudades.
O sol brilha,
amanheço luz.
Fico pensando o pensado,
penso como andarilho sem rumo.
Desfruto da falto do exato,
exatamente como quero.
Os passarinhos contam estórias pecaminosas,
segredos frutos,
uma viagem
de quem não pretende ser.
Assim saboreio o pecado
gosto manga.
Fico feliz
Pura felicidade clandestina.
Crio-me incerteza a devanear.
Passo a passo vou caminhando.
Contemplo nesse caminhar,
paisagens.
Amo a solitude das folhas secas
abandonadas,
o cheiro da terra podre
decompondo seres,
a natureza morta
molhada gotas aguás,
banhada de sol.
Olho esse universo descientificamente.
Me vejo ante-herói,
no meu desacordo
da imposição concreta,
quero o acaso
casual amante,
a paixão que desconstrói.
É só o que quero.