“APAIXONADA PELO OBJETO DE ESTUDO: VOCÊ!”

Ele chegou de mansinho com olhar perdido

Parecia um peixe morto. Sussurrando pediu abrigo

Perguntei pelo nome preferiu o silêncio. Respeitei.

Logo percebi que ele tava de charme, queria ser decifrado...

E na tua alma eu li a escritura: ”A vida é breve

O tempo é curto. Ainda não sei quem sou”!

O desespero tomava conta da alma do ser...

Tantas perguntas sem respostas, tantas desfeitas

Recompostas, feito rabiscos de coração rabiscado e apagado...

Mirei meus olhos no dele e disse:_Você é uma página em branco!Vou te compor!

Quem sabe está à espera de uma bela História?De vida... De amor...!?

Fechei os olhos e pensei profundo. Abri, respirei e comecei a escrever...

Problemática para resolução: Idéia da malvada Pandora!

“Eu o decifro, ou ele me devora! O inverso também vale a pena!”

Viajando pelos meus livros um sábio filósofo alegre saltou:

_Venha buscar minha teoria que te ensino a decifrar o amor!

Deixei o sábio de lado e me pus a garimpar, o corpo, a alma, o olhar...

Não eram negros, nem castanhos, nada estranho! Pele branca, cheirosa. Hum...

Os olhos ora verdes, ora azuis... Eram azuis! Ah!Algo tinha revelado!

Azuis da cor do céu, do mar... Eu me aventurei a mergulhar, a navegar...

O moço foi logo decifrado!Vinha de um lugar distante onde a terra era roxa.

Esquecido até próprio nome, meu trabalho era agora arquitetar, inventar!

Busquei todas as ferramentas: sílabas, letras, rimas e versos que ele já tinha.

Escrevi “dor” não rimou!Escrevi “amor” ele sorriu e gostou!

A página em branco estava quase pronta, faltava mais um toque...

Arisquei outro nome: “Mar”! Ele gostou e disse: _Lembra sol,praia

Verão luar, cantar, HOMAR, “amar”... Emendei: _ “Amei”! Tá amado!

E o mar amado só lembrava o presente, passado tudo tinha apagado.

_E a recompensa pelo trabalho de garimpagem histórica?

De decifrar olhos, mar, sol e escrever a tua história?

Meia sem jeito ao perguntar, já imaginei ele fugindo ”picando a mula”,indo embora...

Olhou-me com carinho que até me vi dentro dele, e disse: _Chegou minha hora!

Meu coração quase parou! Engoli ar, as palavras calaram,gaguejei... Engasguei!

Logo eu que proseava tanto? Agora muda, estática feito uma múmia!?

Um fio fino de água brotou no cantinho dos meus olhos, agora tristes.

Rindo descontraído aquele monumento artístico me segurou forte.

A pobre Nefertite, certa de que ia voltar para a tumba de morte

E nunca mais contar história, inventar versos, desvendar mistérios

Foi seduzida pelo homem sem nome, sem sorriso,sem memória,sem história .

Agora que já tinha tudo, só faltava findar a história da “FOME...”

Esfomeados de desejos, não passou só com um beijo!Teve mais...

Mesmo decifrando todos os códigos e até pondo chip no rapaz

Ele me pediu que o devorasse. Aceitei sem pestanejar. O mesmo pedido eu fiz...

Ele sorriu e me içou em teus braços largos, corpo másculo e viril...

Beijou-me lentamente e juntos emergimos ao fundo do rio...

Opa!Ou seja, mar! Para rimar com o nosso amor. Comemoramos

Junto com os peixes. Eu que além de múmia me sentia uma baleia

Agora feliz da vida, preenchi uma página em branco e virei Sereia!

Para sempre Serei a do meu amor, meu mar azul, meu rei sol!

Só falta o sonho concretizar!Ah! Mar.. Vem me amar meu HOMAR!

Não é justo! Depois de tanto estudo, tanto trabalho ariscado!

Poderia até ser comida por um tubarão!Será que trabalhei demais?

Envolvi-me completamente com o objeto de estudo, e me apaixonei pelo rapaz?

Mente de historiadora e poetisa é criteriosa, analítica e misteriosa...

Ás vezes cria asas, voa alto, esborracha no chão,levanta, sonha mais, fica leve como a brisa...

Já falei demais!O resto cabe a VOCÊ interpretar e se quiser... Completar!

TERÊ ARCELES
Enviado por TERÊ ARCELES em 27/10/2011
Código do texto: T3301577
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