Olhos Marejados...

Olhos Marejados...

Os olhos eu os via a soltar a lágrima retida... Era alguém a contar experiências simples e incomuns, que me emocionavam e acabava por inundar também o meu olhar...

A voz modulada me fazia viajar naquelas histórias, cujo personagem se empenhava em metamorfosear a paixão derramando a sua energia em mil facetas, para transformar os olhos da ninfeta em luz que irradia...

Eu queria eternizar aquele momento na retina. E se fosse possível mais o amaria, travestido de D. Juan, para passar despercebido em sua mais meritória proeza: expurgar da alma a paixão e aplicar-lhe irremediável sangria...

Eu amei mirar aquele olhar marejado, vencendo no intimo as humanas insanidades... E me identifiquei nesse paradoxo de sermos assim tão diferentes e tão iguais, a guerrear a boa luta, para a qual o mundo não destina títulos, honrarias ou troféus...

Não espero que me digas nada mais antes da morte ou depois da vida, pois já tive a sorte de ler o que és...

Eu nunca estarei só enquanto a tua voz soar em derredor...

Só tenho pena do tempo que perdi quando ainda não éramos assim, e eu não te sabia, e meus olhos ainda não te viam como hoje...

E quando eu daqui me for (como ando mórbida esses dias...), nem assim estarei só, porque posso trazer-te à memória, de olhos marejados, desnudando-se pra mim, no tempo que parou pra eu apreciar a tua alma linda, meu amor!

Joselma de Vasconcelos Mendes
Enviado por Joselma de Vasconcelos Mendes em 06/01/2007
Reeditado em 06/01/2007
Código do texto: T337970