Tem Dias...

Tem dias...

“Tem dias que a gente se sente/ como quem partiu ou morreu...”

Assim dizia a música do Chico, grande poeta...

Num dia assim, de atmosfera rarefeita dos cuidados que queremos, da falta do puro carinho que julgamos merecer...

Daquela palavra ou gesto de ternura que faltou do silêncio que imperou quando de um lado a saudade gritava...

E tudo em volta fica cinza e a voz se torna fraca...

Uma nostalgia, um medo de perder o que não se tem...

O grito abafou na garganta e a força que era tanta ficou pouca...

Os desencontros e os “desaconchegos” que marcam o mesmo minuto de quando não estamos vibrando no mesmo diapasão... Estranha canção!

O amor que se foi dói e pode ser de um amigo, ou do filho que dorme no mesmo teto e que está longe, estando perto...

Ah! O feitiço da paixão!Que como um furacão precisa revolver, entontecer, agitar tudo em derredor, para cumprir o seu ciclo e depois, se não se transformar em vento bom, morrer...

Enquanto isso a paisagem espera tudo passar...

Mas depois dela a paisagem também muda, porque arrasta os telhados, retorce as árvores, e às vezes arranca as raízes mais frágeis...

Quem está no olho do furacão é levado e não sabe para onde nem para quê, talvez para simplesmente viver...

Êxtase! Adrenalina! Sonhar de olhos abertos e ter insônia de olhos fechados!

Disfarçar é quase impossível!Está lá aquele brilho inconfundível no olhar e aquele enfado de tudo o mais!

Estando longe sonhamos estar perto, e de perto é aquele torpor de dor que não se quer curar e droga que não se quer deixar!

O confidente agora é menos amigo... E eu quero falar dessa dor de quem fica a esperar o ciclone passar, se sentindo preterido, torcendo para que tudo volte ao normal e a doce cumplicidade retorne, e de novo chegue o colo bom, o aconchego...

Essa dor é tanta e quer gritar embora tenha que ser muda... É uma dor que mina a energia e tira a alegria e deixa o peito num dia de sol em pleno luto...

É um quase veneno, ou remédio amargo que não cura...

O minuto se demora lentamente, por se saber impotente, mediante a força daquela tempestade...

Até que chegue a hora de escolher entre esperar e viver!

Joselma de Vasconcelos Mendes
Enviado por Joselma de Vasconcelos Mendes em 07/01/2007
Código do texto: T339052