Apenas o amor

Não me disseste

Que apenas o amor

Faria o silêncio esvair-se dessa hora?

Falta que faz aquele verbo,

Dito certo, minucioso, e a um só tempo.

Outrora não avistei a vida como um embargo,

Mas no solar distante, houve uma pausa amena,

Que deixou de ouvir um só pensamento;

E fez, então,

Da emoção sentimento.

Não! Tu não disseste que

Apenas o amor?

Com qual laica dessa legislatura, vida,

Foi fundando o ser,

Forte e coerente?

Disseste que apenas o amor...

Foi somente na ignorância,

Preso aos laços e às entrâncias –

à ignorância –

Que não vi, ainda que na porta de Damasco,

Que foi apenas o amor, é certo.

Nada mais purifica.

Há, mesmo no desgosto, um tanto de amor ansioso,

Que busca ao resguardo do que somos,

Que almeja reatar o que somos,

Que faz de nós apenas o que somos.

Diego Guimarães Camargo
Enviado por Diego Guimarães Camargo em 20/12/2011
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