O peixe à superfície do aquário é um sinal
Sei que quer ser alimentado
Mas não estabelecemos laços
Largo um traço e deixo pistas
Não são seguidas para minha falta de gosto
Afago o cachorro carente de gentes
E aquilo lá fica naquela de não dou
-Não dou nem a pau!
Se irrito, também causo risos
Risco o nome da lista
Elimino o endereço vago
Não desejo nada por provocação
E sei que me provoco desnecessariamente
Dez vezes desisto e outras dez opto por esperar
E canso-me, como era de se imaginar
Eu sei que não passa de uma masturbação
Das piores, daquelas que não levam a nada
Mas não me causa suores
Continuo perfumadíssima e calma
Daqui, do meu posto de observação
Obviamente observo o navio parado
Aquela tralha encalhada que só interessa a mim
Porque se nem tudo que reluz é ouro,
Nem tudo que é opaco passa à vulgaridade
Quem tem olhos, ouça, se é que há paladar...