Minutos Finais

Há quanto tempo ando sem saber por quê? Meus motivos são mais fortes que meu próprio viver. Dentro do céu da terra e do mar, sou eu quem caminha, quem sem rumo segue a trilha de um infinito desconhecer.

E ao cair da madrugada pensamentos, suspiros e frases recitadas, com o único propósito de não fazer pouco caso dos sentimentos sólidos que desconheço em mim. Busco causas e respostas dentro de um copo que transborda máguas e lágrimas que ainda tento entender. E pouco tempo me resta, tremo, e me soa a testa, estou perto do fim!

Há quanto tempo estou aqui, estou na espera? Espero a hora que, quimera, algo possa me levar. Falo com anjos imaginários que falam de "contos do vigário" aos quais me resta acreditar. Tenho as folhas espalhadas, meus rabiscos e trepadas dos quais insisto em recordar. Me sobrou a luz da lua, o som do vento na rua e a tristeza que me apavora.

A quanto tempo me descobri? Por que não saio daqui? Se tanto caminho por que não chego? Onde ir?

Sou um pássaro encarcerado, bato as asas desesperado com vontade de voar, mas por mais que tente, e tento, não saio do mesmo lugar.

Agora menos ainda me resta, apenas minutos de cesta, dos quais eu temo não voltar. A quanto tempo me castigam, por mim mesma me desanimam, me roubam forças que carrego com o luar. Já nem sinto fome, e meu suicídio se dá por nomes que nem sei onde colocar.

Estou indo, já sei, falo de mais, e minha morte é apenas algo que todos deixaram para trás. Inclusive eu que ressucitarei, que das cinzas e dos medos me reconstruirei. Meus caminhos não acabam, há quanto tempo eu os guardo? Nas caixas, nos cantos e no passado.

E passo despercebida quando deixo essa vida e vejo poucos por mim chorar.

Agora, digo: -Adeus!- e o meu pranto se equivale a imensa vontade de ser um Deus. E das frases mal escritas, das noites mal dormidas, da esperança pouco dita levo somente o que era meu.

Agora já não existo, sou igual a pedaços de vidro que nada fazem se não cortar. Corto o mau pela raíz, ouço tudo que ele diz, e diz ele que assim não terei mais poque chorar!

littlegirl
Enviado por littlegirl em 12/01/2007
Reeditado em 23/07/2007
Código do texto: T345020