ufrago da modorra
Jorge Luiz da Silva Alves



      Lanço o sinal de meu desespero nesses dias exasperantes, bonançosos – onde não sentimos nenhuma lufada de vida, apenas a calmaria própria da insolvência mensal – em toscas bizarrices engarrafadas na alma ao sabor das marés verânicas, torcendo para que algum bergantim festeiro ou galé condenada recolha-me as tripas antes que estas arrebentem nos escolhos de minha impaciência com tudo e todos; se algum destes marujos de água doce soubessem o que significa morrer na praia, travar um prélio com tubarões e arraias miúdas, escapar das sereias e viver das vísceras das jubartes gananciosas, pois é: apanhariam sem mais delongas a mensagem encerrada no delfínico(*) pranto das palavras e adotar-me-iam prazeirosamente, no reluzente aquário das caridades...e carências! Afinal de contas, quem não vive à deriva no extenso oceano dos meses intermináveis?!      

(*) Delfínico: neologismo, derivação de delfim, golfinho.

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Jorge Luiz da Silva Alves
Enviado por Jorge Luiz da Silva Alves em 26/01/2012
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