Eu e Meus Fantasmas Azuis
Os fantasmas que me assombram
Não têm forma.
Mas têm cor, são azuis.
Alguns têm cheiro, já noutros...
A falta de odor é tão intensa que dispensa
Qualquer perfume.
Acho que nem me assombram mais,
Já são companheiros,
Já os chamo pelos apelidos.
Uns fazem mesmo questão de que
Eu me lembre de seus nomes científicos.
Mas, pouco me importo.
Vaidade de fantasma não é um pecado
Que deve ser levado a sério.
Às vezes sinto que sou eu
Quem os perturba.
Isso não deveria me incomodar
Mas meu orgulho fala mais alto
E, então, me calo.
Árduo é o trabalho de calar a mente.
Os fantasmas já se acostumaram comigo,
Eles bem sabem que não podem
Confiar muito no que eu penso.
“A mente mente”, avisei certa vez.
Não posso afirmar que nossa amizade
Será para sempre.
Assim é que são as coisas...
... um dia alguém trai.
Não deve mesmo ser fácil a vida de um fantasma...
Uma se chama Ansiedade – esta me ensinou a beber.
Um outro é Solidão – com esse aprendi a fumar.
Com a Senhora Auto-Piedade aprendi a perder.
E com o Ódio aprendi a amar.