Eu e Meus Fantasmas Azuis

Os fantasmas que me assombram

Não têm forma.

Mas têm cor, são azuis.

Alguns têm cheiro, já noutros...

A falta de odor é tão intensa que dispensa

Qualquer perfume.

Acho que nem me assombram mais,

Já são companheiros,

Já os chamo pelos apelidos.

Uns fazem mesmo questão de que

Eu me lembre de seus nomes científicos.

Mas, pouco me importo.

Vaidade de fantasma não é um pecado

Que deve ser levado a sério.

Às vezes sinto que sou eu

Quem os perturba.

Isso não deveria me incomodar

Mas meu orgulho fala mais alto

E, então, me calo.

Árduo é o trabalho de calar a mente.

Os fantasmas já se acostumaram comigo,

Eles bem sabem que não podem

Confiar muito no que eu penso.

“A mente mente”, avisei certa vez.

Não posso afirmar que nossa amizade

Será para sempre.

Assim é que são as coisas...

... um dia alguém trai.

Não deve mesmo ser fácil a vida de um fantasma...

Uma se chama Ansiedade – esta me ensinou a beber.

Um outro é Solidão – com esse aprendi a fumar.

Com a Senhora Auto-Piedade aprendi a perder.

E com o Ódio aprendi a amar.

Diogo Nunes
Enviado por Diogo Nunes em 14/01/2007
Reeditado em 03/12/2008
Código do texto: T346318
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.