Entre o motor e o amor

* Em um mundo em que o amor perdeu espaço olhamos com desconfiança ao gesto gentil e com tolerância ao que é vil.

* Em um planeta que de nada vale ser terno, criamos nosso próprio inferno. Aonde crianças são assassinadas e mulheres espancadas, aonde homens se odeiam e mentiras nos rodeiam.

* Em uma cidade maquinal prevalece o espírito da maldade, o homem se julga racional, mas não vive na irmandade. Aqui no centro urbano as rotinas nos destroem, passa dia e entra ano mais máquinas nos desconstroem. Selvagem e robótico, muita malandragem, muito caótico.

* Em uma vida que se perdeu a ternura pouca coisa faz sentido, não se valoriza a criatura e não se tem mais amigo. Esse é o mundo cinza que vejo, menos cor, mais automatizado. Tudo que almejo é um mundo sem essa dor, sem ser tão castigado. Desconfiar menos, amar mais... Reconstruir o mundo que temos, nosso espaço é a gente que faz.

* Mas em uma história forjada de lembranças fracas fica complicado, nossas heranças viram traças, o verdadeiro é apagado. Resgatar memórias, não aniquilar nomes nem pegadas, preservar a trajetória, as labutas realizadas.

* Os que venceram e perderam, os que ainda hão de lutar. Os que prometeram e temeram, os que não vão se arriscar. Os que desistiram e fraquejaram, ao lado dos que insistiram e vivenciaram. Lembrar que ainda há vida, bem aqui no centro urbano. E em toda essa corrida, se lembrar de ser humano.

"

Fiz o texto ainda em 2011, mas reli agora e descobri que preservo estes mesmos sentimentos e esperanças.

Priscila Silvério
Enviado por Priscila Silvério em 07/02/2012
Reeditado em 07/02/2012
Código do texto: T3486024
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