Desespero/Boneca

Minha pequena namorada, alfinetada serena em suas linhas, obra sim boneca; Feita pelo mais nobre artífice conjecturo. E a resumo encharcada com cada amor concebível por minha natureza... Possível sim a única certeza neste cruel, neste mundo incandescente e destrutível.

Amas-me? Corresponde como se amas um príncipe? Simples como aquele que a protege dos abrolhos desta vida infecta? De todo o mal que rege a heresia de nosso destino?

Boneca pequena e serena na sua palidez sua tez de um toque doce e delicado, glacê ou num tom alfenim, eu te amo e sei que nada me afastará de ti. Pois não á em ti nada que expurgue este amor por ti. Meu horror, o meu horror seria verte às traças, na desgraça das abandonadas, livre ao sorvedouro destra podre realidade.

Menina minha meu mundo, meu conforto absorto na loucura passional, na sua ternura porcelana. Quem saberá se há amor assim maior que o meu! Penso em ti meu licor, me amas? Me amas criatura!? Me encaras com as escuras claras de seus olhos, de gema mais negra obsidiana... Que loucura emanas?! Que calor meu absorves como um metal tão frio e nobre...

Serena, me encare, que sentes? O que pensas nesta sua letargia? Seguro-te seguro que fales e beijo essa tua pele em seda e deslizas como se me repelisse... E não me falas nada...

Mas não sei, te amo sabes? És perfeita, feita por encomenda e não rasgas os meus sonhos com isso, nunca me trairá e nunca, nunca estarás comigo por questão de ócio. Estás aqui e pronto. Guardas rancores? Amores antigos?

Mas me amas boneca!? Não manifestas nada por mim, e infestas tudo com um silêncio letárgico... Doce, me confortas sabe? E dormes comigo mas não sinto se é isto que queres... Ou és tão má assim? Não me reconheces?

Olhe pra mim amor... Tenho de segura-la sempre e tão ingrata. Estás farta de mim? Queres sair daqui? Não! Não podes! Precisas de mim.E se tentas, caso eu queira, posso muito bem descosturar-lhe as pernas meu amor...