Acho que...
Não consigo me mover.
Não sei o que há.
Estático olho gostas d' água
escorrendo no vidro da minha janela.
O pensamento vai...
continua indo,
e não é que ele foi.
Pra onde?
Sei lá,
são tantos lugares.
Não sei se são belos,
se guardam segredos que nem sei.
Esse estranhamento é...
tão lindo ,
sorrir por nada,
sem saber o que acontece.
Os dedos de repente ganham vida.
Acariciam o vidro,
deslizam vagarosamente
em movimentos circulares.
Tento ver o mundo lá fora.
Vejo uma imagem que não se define.
É tudo tão...
diferente.
Posso ver o mesmo lugar
que é outro agora.
Sinto que já posso transfigurar belissímos quadros,
fantasiar obras primas,
se tornar um pintor clássico.
Quero ser mestre de infinitas invencionices.
Mas o que preciso pra isso?
Acho que preciso achar o achado... ou não?
Achando acabo perdendo o achado.
Acho melhor deixar o achado me achar.