Despertar
Hoje é um daqueles dias em que minha alma, cansada de viver em estado de dormência, desperta, e me vem uma leve impressão de que carrego todo o peso do mundo nas costas. O peso da injustiça, o peso da tristeza, o peso do desamor... Olho pro lado, procuro alguém... Não há mais ninguém ao lado, todos ficaram para trás, e eu não tenho ânimo nem coragem de retornar... Voltar lá? Para que, se agora mais do que nunca eu entendo a verdade do mundo? Se é na tristeza e na solidão que percebo a realidade de minha existência? Me sinto triste, me sinto só, mas me sinto humana. Bem mais humana que os que se deleitam em um sorriso vazio. Bem mais humana que os que encontram na matéria a razão de sua existência. Muito mais do que aqueles que brigam, disputam, apressam-se... sem saber o motivo de correrem tanto, de lutarem tanto, de matarem tanto... Percebo a natureza ao meu redor e me sinto parte dela. Nem melhor, nem pior, apenas igual. Igual a tudo quanto respira, a tudo quanto vive! Pois o valor da vida não se mede, o valor da vida é máximo até em seu mínimo. Porque a vida é uma chance única, a maior de todas as chances, e não nos pertence, mesmo sendo nossa.