Houve um tempo...

Houve um tempo em que o amor era tratado como excelência, as pessoas se interagiam apenas com um olhar. Os sentimentos não eram escancarados, devido à timidez e a nudez era um mistério a ser desvendado. O corpo era uma espécie de graça recebida dos Deuses, que protegia a sete chaves para evitar que o mesmo sofresse ser exposto de forma pecaminosa.

Houve um tempo em que as virgens era condecoradas, um mito, algo desejável, mas intocável. As donzelas eram inocentes, puras, vivia um mundo de fantasia e sonhos. O amor desfilava em palácios, bailes dourados, grandes banquetes e era admirado ao longe. As musas se despontavam com vestes longas e cabelos armados de uma formosura sem igual.

Houve um tempo em que o poder da conquista era algo fascinante, contagiava, elevava as alturas. As quermesses tinham o correio elegante, aquele que levava a mensagem dos tímidos a amada tão querida. Havia glamour, beleza, charme, elegância e postura na forma de se declarar.

A conquista saiu de cena e entrou as cantadas de mau gosto “baratas”, que fez o amor com o tempo, perder o encanto, a essência. Todo brilho do olhar que antes era mágico, alucinante, passou a ser banal, triste, carente. O amor era reverenciado, as juras de amor eternas e provindas do mais puro sentimento.

Houve um tempo em que era permitido sonhar, acreditar que o belo e singelo sapo se transformava num príncipe ou fadas, que com um leve toque de mãos fazia tudo acontecer. Havia almas iluminadas, revestidas de talento sem dimensão, o amor era uma devoção que deixava as pessoas bobas.

Houve um tempo em que as pessoas se falavam olhando nos olhos e tinham vergonha de qualquer ato ilícito. Houve um tempo em que os namorados para pegar nas mãos tremiam igual “vara verde” como reza o ditado e precisavam de permissão da família. Houve um tempo em que o amor era puro, verdadeiro e uma chama ardente que queima dentro do peito, quase levando a óbito o boêmio sonhador, tamanho sentimento. Houve casos de pessoas que morreram por amor. E o poeta diz que morrer de amor é um privilégio.

Houve um tempo em que os sonhos eram mágicos, como conto de fadas, a gente sempre tinha uma surpresa. O encanto era tão lindo que balançava o coração de tal forma, que parecia que ele sairia pela boca. Havia romantismo, preliminares, cumplicidade, fidelidade e o amor permaneceria intacto, até se transformar em cinzas.

Houve um tempo em que os amantes se amavam loucamente, se presenteavam com flores e se consumiam com um prazer ardente que foge do controle das emoções e a felicidade era tão simples. Houve um tempo que as musas inspiradoras eram intocáveis, desejadas, sonhadas, despida com carinho e respeito e amadas com um amor sem explicação.

Eu sonhei com um amor que elevaria as alturas, me transformaria, nunca adoeceria, não morreria e ainda me faria feliz. O melhor dos sonhos é saber que tudo naquele momento é realidade. Quando se acorda, é que os sonhos fingem ser uma doce ilusão, pois não é possível sonhar acordado. Daí diz um sábio, que não é possível ter tudo ao mesmo tempo. Quando se ganha, se perde também e assim a vida é um mistério. Os sonhos alimentam nossas esperanças que não envelhecem jamais.

Edimilson Eufrásio
Enviado por Edimilson Eufrásio em 06/03/2012
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