FOGÃO DE PEDRA

Deu-se que o tal vento,

foi soprado lá...da boca do mar.

E veio à bem dizer, fornecido de certa brabeza!

No tanto que encrespou a maré por demais

e pros lados do caís, desfeitiou barcos e pescadores.

Trouxe de laço, umas nuvenzinhas carrancudas,

que de pronto, enfeiaram o teto do céu.

Na praia, deu de ruir as dunas,

prÁ desenhar outras mais no adiante.

Um fazer, bem à gosto dos ventos nessas bandas.

Despois assobiou ruma à Vila.

Lá promoveu escarcéu de calibre:

torceu e retorceu tudo que era qualidade de árvore,

remoeu telhas e alpendres.

E na praça da matriz, prá deleite de quem espiava,

buliu com meia dúzia de rabo de saia!!

Esvoaçou, jogou capoeira

e no feitio de moça bailarina, desatinou a rodopiar.

Pois então, passou reto, fez curva

e foi dar de proa lá em casa!

Chegou já vadio e deseducado,

bateu janela, bateu porta;

deu de ombros prás tramelas.

Rompeu de supetão na cozinha,

crepitando a lenha do fogão de pedra,

tal e qual disparo de garrucha azeitada.

Tomou posse dos arredores,

se espichou pelo corredor,

e foi me apanhar lá no quarto,

abaixo da quinta costela.

Lesto, abriguei-me nas cobertas,

posto que golpe de vento mirolha

Há precisão desse proceder.

Apois se não , é fervura de terçã na certa.

Mas me apertou uma dessas tristezazinhas,

que foi enchendo...enchendo..toda cama.

E quando quase virava soudade,

é que fui me aperceber:

Não é que o danado do vento, trazia na garupa

um tantinho assim do cheiro bom DELA.

BARCEL FERREIRA

BARCEL
Enviado por BARCEL em 26/01/2007
Reeditado em 18/12/2007
Código do texto: T359696