Inimigo meu.

Algoz e insaciável inimigo meu.

Deturpa-nos e seduz-me ao teu prazer

Seja noite... Seja dia, tu és voraz!

Trai-me, seduz-me e confundes ao teu doce saber.

Ulula que te vemos na voz sem consolo, de teu sórdido desejo,

Degenerado ao crepúsculo de teu nascer!

Cerceia sem voz nossos desejos... Cerceia sem dó nossos desejos...

Ilusões quebradas nos distanciam... Mas tudo tão perto!

Vejo-a, sinto-a, mas não conseguimos tocar-te.

Engana-me, em sutis afagos tão gentis.

Enleio a ingenuidade, tu ainda nos surpreendeis.

Mata-nos aos teus sonhos medonhos

Em doces e graves adorações.

Fremes badalada, quebradas de nossos corações.

Coitado de nós! És mais dura... És terrível...

És implacável em despedaçar nossos corações.

És inimigo teu! Mas sórdido inimigo nosso.

Mortiça luz de nossos crepúsculos

Mata-nos de dia, mata-nos a noite e morro aos teus sonhos.

Nesta voz sem consolo... Sina que conhecemos...

Buscamos a voz dos nossos corações, iluminado à luz de nossas almas!

Fernando A. Troncoso Rocha.