O VAGÃO

Anoitece. Barulhenta, desliza sobre os trilhos a velha locomotiva, puxando atrás de si inúmeros vagões repletos de coisas ignoradas. O olho do trem, ciclope de ferro, varre a escuridão à sua frente. E a cada passagem descem as cancelas ao som do seu apito escandaloso, como se quisesse alertar os mais surdos ou, quem sabe, desencorajar os suicidas. Segue o trem, o último vagão desaparecendo sob o arco da ponte. Meu olhar desengatado fica sobre os trilhos.

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