Eu pensava conhecer desertos, até o dia em que olhei, quase por acaso,  o fundo dos olhos dela.
Naquele dia descobri, enquanto desviava os olhos, confuso, que o que eu chamava deserto era mais um lugar de caravanas de passagem com colinas mutáveis no horizonte, douradas ao nascer e por do sol, um deserto de miragens com um oásis onde se sonha encontrar água, onde se anseia pelo frescor e intensidade das chuvas.
E o deserto dela era apenas a sede... Muita sede.
Com o meu olhar fixo no dela tartamudeei os versos de Pessoa: “grandes são os desertos e desertas as almas que os povoam”.