Sonhos e Saudades
Que saudade tenho
Da alegria de outrora,
Onde o sol
Fazia morada e iluminava
Nossos sonhos infantis.
Que saudades tenho do balanço
No pé da mangueira...
Da florada das laranjeiras...
Que saudades...
Das tardes trigueiras
Das ingênuas brincadeiras,
Do "Balance Caixão",
Do "Passa Anel"...
Do "Pêra" "Uva" ou "Maçã" (?).
Que saudades eu tenho
Da carta que não chegou a ir...
E da resposta que nunca obtive.
Que saudades!
Sim, das noites que não dormi
E que em claro passei,
esperando alguém surgir...
Que saudades, meu Deus, que saudades
Tenho da tua ausência
Feito cheiro de terra molhada,
De folhas orvalhadas
Amaciadas pelas plantas de meus pés,
Caminhos que sinuosos a cada amanhecer.
Saudades do teu olhar doce,
Feito mel de jataí.
Saudades de tuas entoadas
quase gregoriana.
Cheias de timbres suaves,
Que ora me despertava
entre sonoros e agudos. Hoje sinto falta...
O silêncio... calou o canto,
A melodia perdeu o ritmo,
Os versos... perderam as rimas
E a poesia... perdeu a poética.
Acinzentando o caminho especial
Por onde todas as canções nascem,
inclusive o amor:
o coração!