Sonhos e Saudades

Que saudade tenho

Da alegria de outrora,

Onde o sol

Fazia morada e iluminava

Nossos sonhos infantis.

Que saudades tenho do balanço

No pé da mangueira...

Da florada das laranjeiras...

Que saudades...

Das tardes trigueiras

Das ingênuas brincadeiras,

Do "Balance Caixão",

Do "Passa Anel"...

Do "Pêra" "Uva" ou "Maçã" (?).

Que saudades eu tenho

Da carta que não chegou a ir...

E da resposta que nunca obtive.

Que saudades!

Sim, das noites que não dormi

E que em claro passei,

esperando alguém surgir...

Que saudades, meu Deus, que saudades

Tenho da tua ausência

Feito cheiro de terra molhada,

De folhas orvalhadas

Amaciadas pelas plantas de meus pés,

Caminhos que sinuosos a cada amanhecer.

Saudades do teu olhar doce,

Feito mel de jataí.

Saudades de tuas entoadas

quase gregoriana.

Cheias de timbres suaves,

Que ora me despertava

entre sonoros e agudos. Hoje sinto falta...

O silêncio... calou o canto,

A melodia perdeu o ritmo,

Os versos... perderam as rimas

E a poesia... perdeu a poética.

Acinzentando o caminho especial

Por onde todas as canções nascem,

inclusive o amor:

o coração!

SÔNIA SYLVA
Enviado por SÔNIA SYLVA em 30/05/2012
Reeditado em 30/05/2012
Código do texto: T3697058