O amor e o tempo
 
 
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Nas horas vagas, costumo conversar com o tempo.
Certa manhã, quando ele passava, sem pressa, me abriu um velho baú e retirou dele um livro que falava algumas coisas sobre o amor.
Não me lembro de tudo. Vou registrar, apenas, excertos de algumas páginas.
 
Página 1
O amor não é digno de pena porque ele possui duas asas: uma delas  nos leva até o céu enquanto a outra nos conduz à prisão.  Jamais se saberá qual delas é leve ou pesada; ambas se confundem.
 
Página 2
Quanto sentires que o amor é fogo ardente, deixa tudo queimar: a roupa, a cama, a casa inteira; o importante é que sejam preservados o corpo e a alma da pessoa amada.
 
Página 3
O amor lembra muito um passarinho: pega a gente pelo bico e depois bate as asas.  
 
Página 4
Agradeça quando o amor lhe tirar o sono. Porque dormir, às vezes,  causa à vida um grande vazio, e que só pode ser preenchido pela presença dos sonhos.
 
Página 5
O amor quando chega, gosta de utilizar os verbos da primeira conjugação:
Cantar;
dançar;
amar, até noivar...
Depois, ele passa para a segunda conjugação e aprende coisas assim:
Esquecer;
perder;
sofrer, até morrer.
 
Eu quis agradecer o tempo; quando olhei para trás, ele já havia partido.
 
 

Imagem: Google.