Vértices

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Esse animal despertado com olhos de fogo, que me habita e me devora, que é louco, está acuado e sangra a si, antes: vai sangrá-lo depois. Esse bicho esgueirado pela mata interna de verde e íris. Esse animal desenfreado que caminha a passos silenciosos e traz por dentro a angústia de algum desafeto. Fome não saciada. Fome. Uma besta cruel, não humana, mastigando as palavras e cuspindo sangue envenenado. Esse animal esgueirado pelas sombras noturnas de seus dias que grita um silêncio branco e não encontra consoantes, que não consegue juntar mais a mínima palavra: a m o r.

Esse animal com olhos agudos em sua flama crônica, capturado na armadilha, fugitivo de dores e com os flancos machucados. Esse bicho estranho e ferido de morte. Provocado no instante do perigo tornando-se o predador. Entornando um predador. Um bicho dilacerado que não recua. Um animal de força bruta na leveza do passo perigoso. Um devastador. Atiçado por nada. Caminha, esgueira-se, sua sombra mal se torna visível e já desaparece por entre os entres de algum ente. Um fatídico, arriscando as entranhas por uma mão desconhecida.

Não devia ter sido acordado.