MOSAICO

Pela contemplação somos transformados. E isso não acontece de repente. Porém, no dia a dia, no corre corre da vida, não nos detemos nos detalhes. Somente quando paramos e nos visualizamos é que percebemos quão fragmentados somos. As bocas, os olhos, os narizes, as sobrancelhas, as linhas em torno da boca, as expressões, as fisionomias, os sorrisos, as orelhas, os cabelos, as mãos, os braços, os pescoços, as pernas, os ombros, as saboneteiras, as cinturas, as coxas, os pés, os dedos, as unhas, os dentes, as pupilas, os batons, os joelhos... Ser vivo é ser monstro como o do Frankenstein. Me reencontro nas partes dos outros, me vejo um pouco de cada um. No fundo no fundo, somos todos vindos da mesma origem.