Aquela Bagunça

Bom mesmo seria se a vida da gente fosse como uma estante de livros ou um armário de roupas. Onde conseguiríamos organizar por ordem alfabética ou ordenar da cor mais clara à escura. Mas, não!

Na vida é diferente. Você pode até tentar, mas sempre passa alguém por ali que te desvia a atenção e você acaba deixando algo fora do lugar.

Pior mesmo, é quando passa aquele furacão louco, sem razão, obstinado sabe-se lá pelo quê e faz aquela senhora bagunça.

Aí, sim, a vida está pronta. A bagunça está feita. Pronta para ser colocada em ordem. E claro que isto não deve ser muito rápido. Vai demorar.

E, de repente, você nota que a ordem alfabética não é a mais prática das ordens. E que as cores no armário, quando misturadas, nos faz pensar em carnaval. E, quem sabe, aquele momento é um bom momento para ser carnaval?

Talvez se vida fosse tão certinha quanto planejamos, a graça e a glória das lágrimas, viriam de forma tão sínica, tão cênica, que o coração sentiria a falta do sal.

Pés no chão, sinto terra. Braço avante, bem no alto, sente céu, sonho sol.

Sem ordem, sem rumo. Na total bagunça do armário. Com todos aqueles livros na estante... e a minha história sempre finalizada com reticências.

É clichê. Mas, viver, ultrapassa entendimento. É sentir o sal da lágrima e o pulsar do peito que entristece e se alegra com a mesma intensidade. Com a mesma verdade.

E no fim, o que é bom mesmo, é fazer alguma pequena diferença naquela vida que tanto fez por você sem nem mesmo perceber. É deixar a tua bagunça, mesmo que de lembrança, no peito de alguém...