Fragilidade

  Dentro
dos meu ossos moídos percebo as coisas que cercam me engolindo. A
vida é uma fera que não se domestica, a vida nos vomita suas
sujeiras, gente fria, gente calculista, gente grosseira e depois
parece digerir as primaveras e quando não se espera ela vem e
despeja pétalas..ficamos sensíveis à elas. 


Perdemos a arrogância dos primeiros passos, nosso peito que é quase
feito de aço se rende ao cansaço. Então percebemos num momento
calmo, que a luta não é vã, que aprender é preciso. E não ter
todas as resposta se transforma em dádiva precisa...necessária,
como a acidez no grito. As despedidas, os orgasmos, as partidas
dessas coisas que ficam dentro da gente, feito lembrança de lua,
sensação de sol, de sal do mar na pele; essas tais coisas é que
edificam as partículas desses sonhos que deviam morrer e não
morrem, são lembranças reservas, como um tanque de combustível que
nos alimenta. 


Aprendemos a dar a cara a tapa, porque sabemos da nossa força de
revide, e das outras coisas que a gente tem e que não depende das
circunstâncias ou do que nos coíbe a ceder É só isso que vejo
diante do flagelo dos meus ossos velhos, os resquícios de uma
coragem inútil, de uma rebeldia indolente, quase adolescente que
ridiculariza todas as antigas certezas. O cinzeiro quente das paixões
apagadas, na saliva dos beijos que o tempo não leva e não desgasta.
Todo resto vira apenas um minuto de transe nato, um barreira pra nos
proteger da desistência de tudo que a gente mais quer. 

 

 

Cristhina
Rangel. 


Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 29/06/2012
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