Espera em sonho

Entardece e estou sentada numa areia muito branca olhando para o mar. Você se aproxima silencioso, senta-se ao meu lado e, sem me olhar, segura minha mão.

Assim ficamos, eu e você, a procurar no mar respostas ou certezas.

Recosto-me em teu ombro enquanto me abraça. Teu braço me aquece e me dá segurança.

Tua respiração se confunde com o barulho das ondas. Ouço então as ondas que gritam dentro do teu peito querendo sair, querendo juntar-se às suas irmãs, revoltas e purificadoras.

Seguro tua mão e caminhamos até o mar. Com um gesto, avisa-me que não entrará. Sigo então mar adentro, entregando em cada passo minhas dores, meus medos, minhas dúvidas. Quanto mais leve me sinto, mais espero pelo teu grito que não chega. Então solto minha voz e grito a tua mudez, grito o que não conheço, grito o que não me pertence.

Volto-me para praia e te vejo parado com o olhar ainda perdido no horizonte.

Caminho até você.

Agora estou do teu lado, esperando que aceite minha mão, ou que decida entrar n'água e de lá, do meio das ondas, me convide para um mergulho.