A MORADA DO POETA

Se buscas compreender o poeta e sua criação, vinde sem medo!

Assim conseguirás enxergar e entender o quanto é nublado e silencioso o nascedouro da poesia, filha pródiga da grande paz e das infinitas solidões.

Eu conheço bem estes labirintos, pois sou residente destas sombras que aqui habitam; sou parte integrante delas.

Eu carrego as mesmas marcas e a mesma sina destes vultos notívagos, caçadores de sonhos, condenados à perpétua procura poética.

Lenta é a agonia do poeta, que garimpa eternamente os cacos de sua criação nas paredes ásperas dos nebulosos corredores.

Eternos são seus sangramentos, ao arrastar sua alma nos pisos cortantes destes caminhos, sempre mergulhado em sua busca insana.

É ele este eterno viajante das sombras, que em suas andanças apenas se alimenta desta procura obstinada , mas que se recompensa bebendo o licor dos sonhos no mesmo cálice dos deuses e dos anjos.

Um ser no qual tudo se filtra e ao qual tudo concerne, e que mesmo quando premiado pelo amor, ainda sofre pelo simples e consciente receio de um dia perdê-lo.

Nada temam então, senhores visitantes !

Eu moro aqui !

Aqui é a morada do poeta !

Nilton Moreira Coutinho
Enviado por Nilton Moreira Coutinho em 23/07/2012
Reeditado em 23/07/2012
Código do texto: T3793181
Classificação de conteúdo: seguro