Com mel ou fel - envelhecer

Quanta audácia no teu jugo criatura

Para sintetizar o mérito do sucesso

O que queres? Que o velho não bata panelas?

Aceite a mesmice, diga amêm a tudo?

A quem tu queres enganar feiticeiro

Comparando o homem e seus desgostos

Ao vinho enquanto, bem cuidado, envelhece

A quem tu queres enganar 'Adorno Dourado'?

Debruçado em criado-mudo

Que aceita de tudo calado

Sem, sequer avaliar o enlevo das palavras

Nunca ouvistes falar de anciãos

Entulhados em asilos e hospedagens

Por parentes desalmados?

Não é assim que ocorre com os elefantes?

De onde tirastes a idéia

De que o elefante velho se afasta lentamente

Ao invés de ser castigado e escorraçado

Achas que é mais forte que a faca

Feita de aço usinado?

Desconheço homens que se desgastem

Nessa vida, menos que uma simples faca

Nunca vistes e jamais verás

O sol se queixar ao entardecer

Ou a lua chorar quando amanhece

E sabes por quê?

Porque o sol sempre será maior do que tu és

E a lua sempre será teu guia nas noites escuras

E até mesmo a faca permanecerá além dos teus dias

Embora, tentais me persuardir

Com palavras doces como o mel

Elucubrações ficticiosas

Que engabela mentes esfumaçadas

Prefiro o amargo ao doce

O preto ao branco Affonso

O fel da própolis ao mel

Hermes Machado
Enviado por Hermes Machado em 26/07/2012
Reeditado em 28/11/2012
Código do texto: T3798497
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