LAMENTO

LAMENTO

... E o tempo se arrasta.

Com ele a saudade cada vez maior.

Maior também‚ o vazio. A casa ficou silenciosa e enorme.

Não se ouve mais a sua voz grossa e sempre alta.

Não se sente mais o seu cheiro tão perfumado invadindo todos os cantos.

Não esperamos você para o almoço, mas seu lugar está lá.

Não gritamos para desligar o chuveiro, para se aprontar depressa.

Não há ninguém o esperando … à porta da rua.

O telefone também ficou mudo. A campainha da porta parou de tocar.

Sua roupa está guardada, mas não o espera mais.

Seus sapatos, tantos e tão grandes não saem mais das caixas.

Tudo está nos lugares que você sempre deixou.

Você não chega fora de hora e vai ao meu quarto dizer das novidades.

Você não deita entre nós e fala: _"que o lugar melhor do mundo‚ é a cama dos pais."

Você não me elogia mais.

Você não me beija a toda hora.

Você não me traz água todas as noites.

Você não me encoraja mais.

Você não me telefona avisando que vai chegar mais tarde.

Você não me conta as piadas, as notícias e os acontecimentos do dia.

O som não toca mais as suas músicas preferidas. A última que ouvimos juntos foi "Go Back" dos Titans.

Os seus times não tem mais o torcedor platônico e fanático que os admirava de longe. Escrevia crônicas que ninguém leu.

Agora meu querido, resta-me a lembrança do pouco tempo que pude curtir do seu carinho, de sua palavra tão amiga e carinhosa, de seu companheirismo,

de VOCÊ.

Ana Maria de Magalhães

16 anos de saudades sem fim.

Alexandre, meu filho caçila, nasceu no dia 08 de fevereiro de 1975 e nos deixou em 27 de julho de 1991.Vítima de acidente automobilistico.