Descrição profética de um pequeno garoto com imaginação fértil

Trancado e amedrontado:

As paredes são apertadas, um breu total.

Não consigo nem me mexer, coçar...

E por fora, multidões passando despercebidas, apressadas, compromissadas, interessadas num só bem: o seu.

Enquanto isso minhas lágrimas formam rios em que os seus peixes sem escamas procuram você. Como a última isca, eles a buscam, e cansam, mas sem parar.

Então, antes de eu parar para sempre, antes que eu desistisse e com razão, a porta foi aberta, dizia-me: “Venha! Venha, enquanto há tempo”. Sempre o tempo...

Então, antes que eu borbulhasse de alegria, antes que eu tivesse consciência de tudo, um vento forte, muito forte, nos fez girar, rodar, sem cansar até nos desacordar.

Tudo isso tendo passado, eu acordei frente a matos, de um mundo novo para mim. Você, acordada há certo tempo, trouxe-me um peixe para me alimentar. Não aceitei seu presente valioso, visto que havia dias sem comer, então descansarei. Pois, eu me lembrei que você é o meu maior tesouro, e eu tenho que agradecer por isso.