O cotidiano transforma horas vagas em deveres.
 Na longa marginal, suor, olhar alheio, marcha lenta...
 Abro o porta-luvas, nele um Quintana me orienta:
“A vida é uma tarefa que levo para fazer em casa."

Sigo reto, reduzo, vejo luzes... Entre mil afazeres...
Desprendo-me do silêncio emanando impropérios
                                                           pelos cruzamentos.
Desse modo, quando em mim, revejo o passado em asas...
Quando menino planejei vôos altos, deslumbramento.

A  cada esquina, um filho parido abre os olhos...
Nas mãos humildes, ha alegria numa moeda como esmola.
A hora do rush é um suplício, peso nos ombros e cansaço...
Coço a vista, fome, rotina, enfado. E esse engarrafamento...

Ouço o que a vida tinha me reservado para às seis da tarde
Lá fora todas as pessoas movem-se em busca do prazer.
Insistente, você me liga e diz o que está pra acontecer.
Eu nunca entendo o que você tenta dizer, exatamente.

Apenas ouço: - Que minha filha irá nascer!
Posso não entender o mundo, sequer a vida.
Destino, sobretudo. Posso não ser um (deus)!
Mas, a escuto como letra de música,                                                  
E sinto no sangue um turbilhão de vida, renovar-se agora,
tão pleno e explicito, que levo alegrias por essa vida afora.



(Homenagem ao poeta Lou James, co-autor desta obra, que em breve, será pai.)