Papel de Seda
Ouço o mar lavando as pedras e os cascos das caravelas naufragadas. Debaixo do sol, meus dedos frios escrevem recados em papel de seda, que deslizam na linha sem cerol. As certezas de menino chegam ao céu. Outras pipas dialogam com o vento, atravessam nuvens, escapam das mãos.
O sol descia de vagarosamente. Iluminava outros continentes; velhos e crianças ouviam o cantar dos galos e o estalo das manhãs.
Estrelas chegavam miúdas;atrás das montanhas, fantasmas de cavaleiros sopravam cantigas medievais.
A noite passava vagarosamente, engolia a luz das estrelas. Nos sonhos chegávamos a lugares onde não havia relógios.