O 'S'  de Silêncio  e  o  'S' de Saudade

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Fim de tarde - tarde sem fim -  porque eternizou-se em mim aquele voo solene ao som do silêncio. Uma tela é pintada,  diariamente, ao declinar da tarde, pelas gaivotas que abrem as suas asas e dançam ao seu próprio ritmo sobre a pequena praia do Rio Vermelho. É ali que, a cada dia 2 de fevereiro,  a Bahia acontece, historicamente, ao festejar a rainha do mar:
Yemanjá. Todavia, as gaivotas, em seu majestoso figurino,  estão sempre deslumbrantes a desfilar a sua branca plumagem, contracenando com o azul do mar e dispensando qualquer adereço.
 
Talvez, quem sabe,  as gaivotas  sejam regidas por uma maestrina oculta, que faz o mar da Bahia dançar lento e freneticamente como o faz o seu povo, para si e para o mundo... É preciso perguntar aos deuses, que fenômeno é esse que nos arrebata e nos faz delirar, silenciosamente, fazendo bater no coração uma saudade clandestina, sem nome e sem razão aparente.
 
Só pode ser, como diz o imortal Caymmi: Saudade da Bahia. Da Velha Bahia? da Bahia de Hoje? da Futura Bahia? Sei lá! Porque nesta terra, cheia de belezas naturais, cheia de viciosidades, muita gente acredita, assim como ele, que não é preciso apostar na glória nem no dinheiro para ser feliz.
 
Assim, eu renuncio aos meus balangandãs, de baiana vaidosa, para dançar com as gaivotas o seu balé silencioso e sentir saudades de tudo que não fiz.

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Vídeo:
 
www.youtube.com/watch?v=2YSuvqqSPyM



(*)Imagem: Google.