Porquê me importas.

Decerto sabes que não és a única nesse mundo. Não és a única mulher, tampouco a única a gostar de Rock ou a morar na Capital. Não és a única a ter cabelos castanhos (e rapar). Nem são únicos teus castanhos doces e nem é a única a selvageria com a qual se movem durante uma rajada de vento. Não és a única Raquel.

Ah! São tantas as Raquéis. Conheço pouco mais de 05. O que já é demais, quando se quer exclusividade. Tenho uma prima Raquel. Na faculdade tinha uma colega "Raquele" (tb conta?).

Se fores a um cartório ou hospital, encontrarás mais mil Raquéis. Raquéis estão por toda a parte, não há como não ver.

Só não sabe, quem não quer entender.

Entretanto, nenhuma delas tem o teu DNA. Só que DNA é como surpresa, vem escondido dentro e hoje em dia não se tem mais tempo para observar, olhar e ver. Sinônimos tão antônimos. Luz e sombra de uma vela ao vento no meio de um campo, à noite.

Hoje em dia uma criança tem mais segredos. Ela ainda tem os olhos loucos por conhecer, mas tem tantos carros, tantos videogames e cursos de isso ou aquilo que se esquece das flores. E não pode ser completo quem não entende uma flor.

Não é preciso dialogar nem dar presentes. Regar já é um bom começo. Olhá-la não basta, é preciso ver. Flores não são interesseiras. O resto do mundo talvez não tenha se dado conta. E é por isso a depressão, o vício: não sabem ver, lhes basta olhar. E por bastar o pronto não sabem construir. Só que uma flor não nase da pétala e sim da semente. Se dá água sempre à raiz... Se as pessoas alimentassem o que importa, todos teriam a beleza das pétalas...

Eu te trouxe guardada na memória como todas as outras Raquéis, é verdade. Mas dentre tantas, sobressaíste. Porquê eu sou mais um Mateus diante de uma tropa de Mateuses que conhecem alguma(s) da(s) Raquelagem do muno. Todo mundo tem uma Maria na vida, eu tenho uma Raquel e é a história dela que conto. Desculpem as Letícias, Fernandas e Darsizas. E, sobretudo, dentre as dez mil Brunas que conheço, que nenhuma tenha ciúme: Brunas são ciumentas. Todas.

Para sobressair, é preciso pouco. Um gesto, uma palavra ou um carinho. É preciso vontade, ter atitude, coisa extintamente quase extinta. Complicado demais pra complicar explicando. Sabe como é a diferença entre observar, olhar e ver? Também é assim a que versa sobre sentir e... Bom, saibam que sentir é totalmente diferente, porquê sentir algo torna algo diferente do que é para o outro Mateus e é aquilo que diferencia que importa. Não somos especiais por sermos humanos. Mas sim por sentir ou não essa humanidade. E é nesse contexto que enRaquelizo meu texto.

As pessoas que são nossas não nos pertencem.

Nos pertencem tão só as sensações que nos causam e nossa reação a isso. E é essa posse sem possuir que embeleza e cativa. E se cativa, apaixona. E se apaixonar torna uma Raquel, Yeska ou Kimberly diferente de todas as outras Raquéis, Yeskas ou Kimberlys. E faz uma rosa ter mais valor que um buquê, porquê não é o número ou a beleza solitária dela que importa, mas sim o quanto nosso coração julga. Sendo assim, o que é isso? É amor, pois amor é cuidar da semente e afagar a rosa, podar as folhas que já não fazem mais sentido e regar, não querendo que seja infinito apenas por ser e sim porquê não poderia ser de outra forma. Assim sendo, não importaria que se chamasse de qualquer forma, mas é assim que te chamoas e é assim que meu coração abte mais forte. E é assim que tem que ser até quando for, pois foi assim que te reguei.

Todo mundo gosta de datas e números, e só por ser diferente que conto em momentos. Acho que foi isso que me fez ser o Mateus que sou, ao menos pra ti. Cada um tem o eu que construiu e eu sou todos esses também... Puxa, eu sou mais do que eu pensava!

Te conheci de cabelos castanhos, era noite, virtual.

Não sei ao certo qual era a cor da minha bandana, mas acho que era vermelha. Tu parecias diferente, parecias querer me dizer algo. Milhões de poesias me faziam querer ver... Dessa vez eu só precisei observar.

O tempo vai passando, os dias nos mudando. Eu com barba, você com outro corte de cabelo. O Tempo sempre tem algo ´pra nos surpreender, nem que seja sem surpresa alguma.

A gente planta uma semente e não sabe ao certo o que vai sair dali. Acho que é o tal "bonito da vida". Acho que o que faz a vida ser como ela é. Nem bela e nem feia.

Ser o que a gente constroi de mãos dadas, não com os outros, mas com a gente mesmo.

Por um tempo que não tem tamanho (por ser o tempo certo), é que a semente ficou embaixo da terra. Germinando.

Tu já plantou algo? Não? Adote a ideia: que tal algo que toda a casa tem? Feijão. Não precisa mais que um grão, será um feijão especial, será o seu. Terra, vasinho, o grão e um pouco de água. Regar todo dia, botar onde pegue sol.

Ah, você não tem mais idade pra isso?

E pra recomeçar, qual é o limite de idade? Melhor rever isso... E pra ser feliz?

Um vasinho de feijão pode ser mais que uma caixa de remédio... Dica de quem já trabalhou em farmácia.

Bom, a Raquel que eu construí junto a Raquel que já pré-existia é linda: tem o jeito de uma rosa. O brilho é de um girassol ao meio dia. Tem aquele jeitão de jasmim quando é observado. Tem o perfume da flor da laranjeira (e eu ainda nem cheirei hein!!!)... E por ser um misto de tantas flores é que não poderia ser uma flor comum: é uma mulher.

E por ser mulher, e é especialmente por isso, que é natural que não se aceite que seja igual a outras.

Existem dois tipos só de homens, e não são diferenciados em barba feita ou com barba. E sim entre os que sabem ver as flores e os que as ignoram. E não há dor maior que tirar de di mesmo o prazer de encontrar a felicidade.

A Raquel que pré-existia foi embora, levando as outras Raquéis que os outros produziram e a que eu e ela construímos. Para que você tenha um Mateus, um eu que tô aqui escrevendo é preciso me conhecer, me ler, me ouvir. Tu precisas nada mais do que quereres. Quando se quer, tudo é alcançável.

E eu preciso te dar essa chance. E é o que há de melhor: arriscar. E eu arrisco! \o/

Ela se foi e em mim ficou o que aprendi. Que as rosas não tem todas o mesmo brilho e que uma só pode ser mais que todas juntas, por ser a que me afeiçoa.

Ela volta sempre que vejo uma flor, não tem como não a ver quando sento em um gramado florido, Você pode não saber, mas talvez nem seja Raquel mesmo o nome dela. A grafia pode estar errada.

O que importa é o que aprendi.

Todo mundo é um pouco florista, um pouco professor. Aprender é ensinar. Cada vez que vejo uma flor, tenho que sorrir porquê a tive comig e sua lembrança me anima. Ela não está longe, nem perto. Está guardada no fundo dos meus olhos e me ensinou a construir. Tanto a ela quanto a mim.

O que eu tenho, o que se tem é o que nós fazemos. E eu fiz do meu coração terra fértil para encontrar a semente. Demorou? Talvez sim, veio na hora que tinha que vir. Não durou mais que o certo e vai durar pelo resto dos dias. O nome certo é Felicidade, e eu vou regá-la todos os dias, com o sorriso mais bonito que eu tiver.