Herdando

Tenho medo de herdar as entradas do papai, as rugas da vovó, os chiliques da mamãe, as birras da irmã e até os latidos de um cão velho, as lágrimas de um tio gay solitário, a “honestidade” dos políticos, a arrogância da minha professora de matemática, os palpites irrelevantes de internautas incapazes de sequer tentar entender algo. Pessoas que têm o prazer de criticar mais e mais só para ter o gostinho de uma “vitória” sem qualquer tipo de méritos.

Além de ter medo de herdar todas essas coisas. Tenho mais medo ainda de não poder ser eu. De não poder falar livremente que ainda não sei ver horas em relógio de ponteiro, que não sei absolutamente nada em exatas, de não poder falar que como em excesso quando estou ansioso, roo unhas, assovio enquanto penso em algo, tenho transtornos obsessivos compulsivos engraçados, faço diálogos na minha cabeça o tempo tudo, vejo cores enquanto ouço músicas, escrevo ouvido músicas também. É desesperador pensar que em tempos de outrora eu não poderia falar coisas que eu queria, pois não era livre. Prisão me dá medo. Medo de arrancar os cabelos. Medo de se desesperar. Prezo a liberdade. Sempre!

E atenção; liberdade não se herda, se conquista.

Lucas Guilherme Pintto
Enviado por Lucas Guilherme Pintto em 21/09/2012
Código do texto: T3892765
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